Parte I
A coluna
tendências/debates do Jornal Folha de São Paulo trouxe, no dia 1 de janeiro de 2011, dois artigos, por
intermédio dos quais os autores tentam responder sobre a alcance da principal
meta do plano de governo da presidenta Dilma, a erradicação da pobreza extrema.
Francisco Menezes,
diretor do IBASE responde afirmativamente, através do artigo “Estratégias para
o fim da miséria”.
Por outro lado,
José Eli da Veiga, professor da USP, não acredita que a pobreza possa ser
erradicada nos próximos quatro anos de governo da presidenta Dilma. Ele
fundamenta sua resposta no artigo “Osso muito duro de roer”.
Agora vou tratar
dos apontamentos feitos por Francisco Menezes. Posteriormente, tratarei da
discussão travada pelo Professor José Eli da Veiga.
A resposta positiva,
de Francisco Menezes, é fundamentada na noção de que a pobreza extrema no
Brasil é multifacetada, ou seja, o fenômeno não é representado por um único
grupo de pobres. Ele cita exemplos: “famílias
rurais sem condições produtivas, populações de rua nas grandes cidades, povos
indígenas que perderam as terras, quilombolas carentes de serviços essenciais,
idosos desassistidos”.
Entendi que
Francisco Menezes aponta para a necessidade de soluções específicas para esses
grupamentos.
Menezes sugere que
o governo oriente a sua atuação por três eixos estratégicos: “uma política clara e com recursos
suficientes, a gestão articuladas dessas ações e a participação da sociedade (...)”.
A necessidade de
ruptura com o ciclo intergeracional da pobreza também é apontado como
estratégia fundamental, cujo processo pode ser desencadeado por intermédio de
investimentos na universalização da educação de qualidade. Isso significa
pensar na sustentabilidade do processo de erradicação da pobreza. Em outros
termos, atacar o problema emergencial socorrendo as famílias pobres, e,
simultaneamente proporcionar as condições para que estas famílias prossigam
suas vidas fora dos programas de erradicação da pobreza. É difícil pensar
erradicação da pobreza sem universalização da educação de boa qualidade.
O maior desafio
para que o dito seja feito é “a
disposição e a capacidade dos atores locais para aplicar as políticas nos
territórios (...)”. Devo concordar com o autor, muitos são os conhecedores
das dificuldades de implantação de programas federais nos estados e municípios.
O desejo de centralizar dos gestores públicos e transformar políticas públicas
em moeda particular é de envergonhar qualquer cidadão/cidadã de bem.
Eu também acredito
que o Brasil tem todas as condições materiais de erradicar a pobreza, desde que
a erradicação da pobreza política seja também uma meta fundamental.
Dotar a sociedade
civil de condições, objetivas e subjetivas, de promover um efetivo controle
social das políticas de erradicação da pobreza é fundamental para não deixar
que nenhum gestor se torne senhor absoluto das decisões.
Portanto, é
necessário que o governo federal acredite na capacidade da sociedade de
intervir nas políticas públicas de erradicação da pobreza, de maneira que a
aplicação dos recursos seja fiscalizada num ambiente de afirmação da cidadania
dos beneficiários diretos das políticas e da sociedade em sua inteireza.
Um comentário:
se o governo realmente investisse de maneira correta nas politicas de erradicaçao da pobreza, teriamos resultados e menos pobres no Brasil.
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