O Índice de Percepção da
Corrupção (IPC) de 2011 mostra resultado já esperado diante das diversas
manifestações anticorrupção que aconteceram durante o ano. O Brasil
ficou na 73º posição entre 183 países. Após dois anos de ascensão
contínua, o Brasil caiu no ranking da Transparência Internacional que
mede a percepção de corrupção. No ano passado, o país ocupou a 69ª
posição. A entrada de novos países no ranking, como Santa Lúcia, Bahamas
e São Vicente e Granadinas, que ficaram na frente do Brasil, alterou a
listagem.
No entanto, a mudança de
posição no ranking não representa aumento da percepção de corrupção no
país. A nota atribuída ao Brasil ficou praticamente estável: era de 3,7
pontos em 2010 e está agora em 3,8 pontos. Em 2009, a nota foi igual a
do ano passado.
O
aumento da nota apresentada este ano, representa pequena melhora na
média dos últimos 16 anos, que era de 3,65 pontos, passando, agora, para
3,66. Porém, os dados evidenciam que há anos mantemos posição
semelhante e sem melhorias efetivas na matéria “corrupção”. Segundo
Alejandro Salas, da Transparência Internacional, o Brasil adota medidas
contra a corrupção, mas continua com práticas centenárias, como o
nepotismo e a compra de votos (veja tabela).
O levantamento realizado
pela ONG Transparência Internacional (TI) classifica os países com
pontuações entre 0 (muito corrupto) e 10 (sem corrupção). A TI destaca
que a comparação do desempenho entre as diversas edições dos índices não
é aconselhável, pois ele é feito a partir de outras 17 pesquisas, cada
uma com metodologia própria. É possível analisar o levantamento de 2010
nesse link (clique aqui).
Em 2011, dois terços dos
países analisados ficaram abaixo de 5,0. Em último lugar, com 1,0 ponto,
estão a Somália e a Coréia do Norte, que pela primeira vez está no
índice. Já na ponta superior está a Nova Zelândia (9,5), a Dinamarca e a
Finlândia (9,4).
Nas Américas, o campeão é
o Canadá (8,7) e o país lanterna é o Haiti (1,8). O Brasil está em 13º
no ranking regional, atrás de países como Cuba (4,2) e a pequena ilha
caribenha da Dominica (5,2). É importante ressaltar que como a corrupção
é ato ilegal, é difícil medi-lo de forma precisa e por isso o IPC foca
em como ela é percebida pela população de cada país.
Para a ONG responsável
pelo índice, as diversas manifestações que ocorrem pelo mundo pedindo
abertura política ou justiça social são sinais de que os líderes
nacionais e as instituições não são transparentes e responsáveis o
suficiente.
“Esse ano, vimos tanto
ricos como pobres reclamarem contra a corrupção”, afirma Huguette
Labelle, diretora da TI. Ela destacou ainda que diante das manifestações
da primavera árabe e da crise da dívida na Europa, os líderes devem
encontrar formas de atender ao anseio da população e governar melhor.
Manifestações tupiniquins
Este ano, milhares de
pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção. Diante do fato, o
Contas Abertas conversou com o cientista político da Universidade de
Brasília (UnB), David Fleischer. Para ele, as manifestações sociais
contra a corrupção mostram que a população está mais atenta para o
assunto. Porém, o Brasil ainda possui um grande problema nesse sentido.
“O nosso judiciário é disfuncional. Os atos de corrupção aparecem, mas
ninguém é indiciado ou condenado”, afirma.
Na visão do professor, o
Brasil precisa modificar a legislação, principalmente do código penal.
Apesar disso, Fleischer ressalta a postura da presidente Dilma Rousseff
para com os escândalos de corrupção na Esplanada dos Ministérios.
“Enquanto Lula e Fernando
Henrique não olhavam para estes assuntos, Dilma não os tem tolerado. A
presidente está tentando aprimorar a austeridade no seu governo, o que
não combina com vazamentos e denúncias de irregularidades. A estratégia
de Dilma diante dessas situações é muito interessante”, conclui.
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