Algumas
pessoas costumam dizer que o Brasil é o melhor país do mundo porque não tem
guerra e nem terremoto. Dizendo assim, parecem acreditar na nossa superioridade
moral e espiritual. É por assim dizer, não temos guerra porque somos
conscientes dos danos provocados por este ato da fraqueza humana, e, não temos
terremotos porque Deus, ao criar o mundo, escolheu o melhor pedaço para ser o
nosso Brasil.
Dizem
que Deus é brasileiro, mesmo sabendo que ele não tem nacionalidade. É apenas
força de expressão? Ajuda a melhorar nossa autoestima? Talvez.
A
realidade nos mostra outra verdade. A guerra está aí na nossa frente, faz parte
do nosso cotidiano. Vejam a situação do Rio de Janeiro. São Luis também tem as
suas guerrilhas, há poucos dias a PM ocupou um morro próximo ao Coroadinho, no
qual, traficantes "deitavam" e "rolavam".
Os
conflitos agrários que culminam com assassinatos de quilombolas e trabalhadores
rurais há anos são alimentados pela certeza da impunidade. Por isso, dezenas de
famílias convivem com o medo e a incerteza de um ter um lugar fixo para viver e
trabalhar.
Uma
coisa é certa, quando o Estado quer fazer alguma útil à sociedade que o
inventou, faz. Não falta dinheiro, não falta pessoal especializado, não falta
nada. Ainda mais quando interesses econômicos e políticos estão literalmente no
“primeiro tempo dos jogos”.
A
Conferência Rio+20, a copa mundo de futebol de 2014 e a olímpiada de 2016 já
estão dando resultados, se não fossem estes três megaeventos não saberíamos 5%
do que sabemos hoje acerca do poder dos traficantes, nem estaríamos assistindo
aos espetáculos midiáticos que dão conta do estado de anomia a que a “cidade
maravilhosa cheia de encantos mil" está submetida, graças à letargia do Leviatã,
“o Deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus imortal, a nossa paz e defesa,”
segundo a teoria do contrato de Thomas Hobbes.
O
cenário do Rio de Janeiro, segundo o que a TV nos mostra, é o de ausência de um
poder superior, que caberia ao Estado exercê-lo, que, por não fazê-lo os
traficantes parece ter exercido segundo o seu próprio código de justiça,
inclusive justiça social.
Vamos
torcer para que o Brasil ganhe este primeiro tempo dos jogos. E que a vitória
seja sustentável, ninguém aguenta mais tanta insegurança.
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