13 de novembro de 2011

Pacificação: o primeiro tempo dos jogos


Algumas pessoas costumam dizer que o Brasil é o melhor país do mundo porque não tem guerra e nem terremoto. Dizendo assim, parecem acreditar na nossa superioridade moral e espiritual. É por assim dizer, não temos guerra porque somos conscientes dos danos provocados por este ato da fraqueza humana, e, não temos terremotos porque Deus, ao criar o mundo, escolheu o melhor pedaço para ser o nosso Brasil.
Dizem que Deus é brasileiro, mesmo sabendo que ele não tem nacionalidade. É apenas força de expressão? Ajuda a melhorar nossa autoestima? Talvez.
A realidade nos mostra outra verdade. A guerra está aí na nossa frente, faz parte do nosso cotidiano. Vejam a situação do Rio de Janeiro. São Luis também tem as suas guerrilhas, há poucos dias a PM ocupou um morro próximo ao Coroadinho, no qual, traficantes "deitavam" e "rolavam".
Os conflitos agrários que culminam com assassinatos de quilombolas e trabalhadores rurais há anos são alimentados pela certeza da impunidade. Por isso, dezenas de famílias convivem com o medo e a incerteza de um ter um lugar fixo para viver e trabalhar.
Uma coisa é certa, quando o Estado quer fazer alguma útil à sociedade que o inventou, faz. Não falta dinheiro, não falta pessoal especializado, não falta nada. Ainda mais quando interesses econômicos e políticos estão literalmente no “primeiro tempo dos jogos”.
A Conferência Rio+20, a copa mundo de futebol de 2014 e a olímpiada de 2016 já estão dando resultados, se não fossem estes três megaeventos não saberíamos 5% do que sabemos hoje acerca do poder dos traficantes, nem estaríamos assistindo aos espetáculos midiáticos que dão conta do estado de anomia a que a “cidade maravilhosa cheia de encantos mil" está submetida, graças à letargia do Leviatã, “o Deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus imortal, a nossa paz e defesa,” segundo a teoria do contrato de Thomas Hobbes.
O cenário do Rio de Janeiro, segundo o que a TV nos mostra, é o de ausência de um poder superior, que caberia ao Estado exercê-lo, que, por não fazê-lo os traficantes parece ter exercido segundo o seu próprio código de justiça, inclusive justiça social.
Vamos torcer para que o Brasil ganhe este primeiro tempo dos jogos. E que a vitória seja sustentável, ninguém aguenta mais tanta insegurança.

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