As organizações sociais do campo (APIB, Cáritas, CIMI, CPT, CONTAG, Fetraf, MAB, MCP, MMC, MPA, MST e Via Campesina) promoveram um Ato pela Reforma Agrária na Câmara dos Deputados, no dia 28 de fevereiro, onde entregaram aos parlamentares um manifesto que cobra a realização da reforma agrária e da implantação do desenvolvimento sustentável e solidário. Neste documento, também denunciam os impactos negativos do modelo de desenvolvimento hegemônico implantado no campo, com apoio do governo.
O evento contou com a participação de mais de 100 dirigentes de organizações sociais do campo, os quais, decidiram pela construção e realização de um processo de luta unificada em defesa da Reforma Agrária, dos direitos territoriais e da produção de alimentos saudáveis.
A iniciativa das entidades do campo recebeu apoio de intelectuais e pesquisadores que estão recolhendo assinaturas em abaixo-assinado que será entre à presidenta Dilma. Segundo o grupo de intelectuais e pesquisadores "uma solução definitiva para a questão agrária passa pela democratização da propriedade da terra. O desempenho econômico do chamado agronegócio, em algumas regiões do país, não deve maquiar a existência de precárias condições de vida de amplos segmentos da população tanto na cidade como no campo. Além disso, há ilegalidades que precisam ser enfrentadas, como a existência de milhões de hectares da União ocupados irregularmente por grandes fazendas, em estados como o Mato Grosso, enquanto milhões de famílias aguardam por um pedaço de terra para plantar. As áreas de concentração de assentamentos rurais em todo o país mostram, por outro lado, que uma distribuição de renda mais efetiva pode ser conquistada em situações com forte presença da agricultura familiar".
Para acessar o abaixo-assinado em apoio ao manifesta das organizações sociais do campo clique aqui .
A iniciativa das entidades do campo recebeu apoio de intelectuais e pesquisadores que estão recolhendo assinaturas em abaixo-assinado que será entre à presidenta Dilma. Segundo o grupo de intelectuais e pesquisadores "uma solução definitiva para a questão agrária passa pela democratização da propriedade da terra. O desempenho econômico do chamado agronegócio, em algumas regiões do país, não deve maquiar a existência de precárias condições de vida de amplos segmentos da população tanto na cidade como no campo. Além disso, há ilegalidades que precisam ser enfrentadas, como a existência de milhões de hectares da União ocupados irregularmente por grandes fazendas, em estados como o Mato Grosso, enquanto milhões de famílias aguardam por um pedaço de terra para plantar. As áreas de concentração de assentamentos rurais em todo o país mostram, por outro lado, que uma distribuição de renda mais efetiva pode ser conquistada em situações com forte presença da agricultura familiar".
Para acessar o abaixo-assinado em apoio ao manifesta das organizações sociais do campo clique aqui .
MANIFESTO DAS
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DO CAMPO
As entidades: APIB, CÁRITAS, CIMI, CPT, CONTAG,
FETRAF, MAB, MCP, MMC, MPA e MST, presentes no Seminário Nacional de
Organizações Sociais do Campo, realizado em Brasília, nos dias 27 e 28 de
Fevereiro de 2012, deliberaram pela construção e realização de um processo de
luta unificada em defesa da Reforma Agrária, dos direitos territoriais e da
produção de alimentos saudáveis.
Considerando:
1) O aprofundamento
do capitalismo dependente no meio rural, baseado na expansão do agronegócio, produz
impactos negativos na vida dos povos do campo, das florestas e das águas, impedindo
o cumprimento da função socioambiental da terra e a realização da reforma
agrária, promovendo a exclusão e a violência, impactando negativamente também
nas cidades, agravando a dependência externa e a degradação dos recursos
naturais (primarização).
2) O Brasil
vive um processo de reprimarização da economia, baseada na produção e
exportação de commodities agrícolas e não agrícolas (mineração), que é incapaz
de financiar e promover um desenvolvimento sustentável e solidário e satisfazer
as necessidades do povo brasileiro.
3) O
Agronegócio representa um pacto de poder das classes sociais hegemônicas, com
forte apoio do Estado Brasileiro, pautado na financeirização e na acumulação de
capital, na mercantilização dos bens da natureza, gerando concentração e
estrangeirização da terra, contaminação dos alimentos por agrotóxicos,
destruição ambiental, exclusão e violência no campo, e a criminalização dos
movimentos, lideranças e lutas sociais.
4) A crise atual
é sistêmica e planetária e, em situações de crise, o capital busca saídas
clássicas que afetam ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras com o aumento
da exploração da força de trabalho (inclusive com trabalho escravo), super
exploração e concentração dos bens e recursos naturais (reprimarização),
flexibilização de direitos e investimento em tecnologia excludente e
predatória.
5) Na atual
situação de crise, o Brasil, como um país rico em terra, água, bens naturais e
biodiversidade, atrai o capital especulativo e agroexportador, acirrando os impactos
negativos sobre os territórios e populações indígenas, quilombolas, comunidades
tradicionais e camponesas. Externamente, o Brasil pode se tornar alavanca do projeto
neocolonizador, expandindo este modelo para outros países, especialmente na
América Latina e África.
6) O pensamento
neodesenvolvimentista centrado na produção e no lucro, defendido pela direita e
por setores de esquerda, exclui e trata como empecilho povos indígenas,
quilombolas e camponeses. A opção do governo brasileiro por um projeto neodesenvolvimentista,
centrado em grandes projetos e na exportação de commodities, agrava a situação
de exclusão e de violência. Consequentemente não atende as pautas estruturais e
não coloca a reforma agrária no centro da agenda política, gerando forte insatisfação
das organizações sociais do campo, apesar de pequenos avanços em questões
periféricas.
Estas são as
razões centrais que levaram as organizações sociais do campo a se unirem em um
processo nacional de luta articulada. Mesmo reconhecendo a diversidade
política, estas compreendem a importância da construção da unidade, feita sobre
as bases da sabedoria, da maturidade e do respeito às diferenças, buscando
conquistas concretas para os povos do campo, das florestas e das águas.
Neste sentido
nós, organizações do campo, lutaremos por um desenvolvimento com
sustentabilidade e focado na soberania alimentar e territorial, a partir de
quatro eixos centrais:
a) Reforma Agrária ampla e de qualidade, garantia dos
direitos territoriais dos povos indígenas e quilombolas e comunidades
tradicionais: terra como meio de vida e afirmação da identidade
sociocultural dos povos, combate à estrangeirização das terras e estabelecimento
do limite de propriedade da terra no Brasil.
b) Desenvolvimento rural com distribuição de renda e
riqueza e o fim das desigualdades;
c) Produção e acesso a alimentos saudáveis e conservação
ambiental, estabelecendo processos que assegurem a transição para
agroecológica.
d) Garantia e ampliação de direitos sociais e culturais que permitam a qualidade de
vida, inclusive a sucessão rural e permanência da juventude no campo.
Este é um
momento histórico, um espaço qualificado, com dirigentes das principais
organizações do campo que esperam a adesão e o compromisso com este processo
por outras entidades e movimentos sociais, setores do governo, parlamentares,
personalidades e sociedade em geral, uma vez que a agenda que nos une é uma
agenda de interesse de todos e todas.
Brasília,
28 de Fevereiro de 2012.
APIB – Associação dos Povos
Indígenas do Brasil
|
CÁRITAS Brasileira
|
CIMI – Conselho Indigenista
Missionário
|
CPT – Comissão Pastoral da
Terra
|
CONTAG – Confederação Nacional
de Trabalhadores na Agricultura
|
FETRAF – Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
|
MAB – Movimento dos Atingidos
por Barragens
|
MCP – Movimento Camponês
Popular
|
MMC – Movimento de Mulheres
Camponesas
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MPA – Movimento dos Pequenos
Agricultores
|
MST – Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
|
Via Campesina Brasil
|
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