Mortes anunciadas e certeza de impunidade
A reforma agrária é sem dúvida uma das reformas mais importes para o Brasil. É no contexto da falta de um Plano Nacional de Reforma Agrária que assistimos o recrudescimento da violência no campo e na floresta, mediante execução sumária de trabalhadores rurais, extrativistas e quilombolas.
A certeza da impunidade aliada ao descaso do poder poder público são as causas maiores do recrudecimento da violência no campo e na floresta.
Em menos de uma semana, quatro pessoas que viviam na e da floresta amazônica foram mortas, três
delas no Pará e uma em Rondônia. De acordo com a Comissão Pastoral da
Terra, o casal assassinado no Pará – José Claudio
Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva – estava na lista
das pessoas ameaçadas de morte. Eles eram conhecidos por denunciar a
ação ilegal de madeireiros na região.
Assistimos nos últimos dias autoridades discursando contra os crimes bárbaros que ocorreram na Amazônia, dizem que vão agir com rigor e punir os assassinos e mandantes. Vai haver punição? Eu quero ver essa novidade no Brasil.
O Governo federal anunciou ainda a criação de um grupo interministerial
para discutir as ações a serem tomadas para conter a violência no campo.
Por outro lado a Comissão Pastoral da Terra - CPT divulgou nota de repúdio aos assassinatos ocorridos no Pará e Rondônia e esclare que na verdade o Estado lavou as mãos diante das mortes anunciadas. Segundo a CPT, a Secretaria de Segurança Pública do Pará, o INCRA, o Ibama e o próprio Ministério da Justiça foram informados acerca das ameaças de morte às tres pessoas assassinadas e outros que se encontram nos relatórios encaminhados para as autoridades do Governo do Pará e do Governo Federal.
Aqui no Maranhão a situação não é diferente de outras partes da Amazônia. Hoje o jornal O Imparcial chama a atenção para mais um atentado contra um líder da comunidade quilombola denominada de Charco, situada no município de São Vicente de Ferrer. Na última sexta-feira a casa do vice-presidente da associação de Charco foi alvejada com três tiros por um homem não identificado. Em outubro do ano passado o líder quilombola desta comunidade, Flaviano Pinto, foi brutalmente assassinado com sete tiros na cabeça.
Os mandantes de assassinatos e pistoleiros conhecem muito bem a concepção de justiça, cidadania e direito de nosso país. É, por assim dizer, que eles são guiados pelo código da impunidade.
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