Fonte: O GLOBO
De forma geral, governo e empresários brasileiros citaram a criação
do grupo de monitoramento das relações econômico-comerciais como o
acordo mais importante assinado no sábado pelos dois governos. Para o
presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o
tratado vai fortalecer as relações bilaterais, uma vez que será voltado
à resolução de pendências que prejudicam comércio e investimentos.
- Todos sabemos que Obama não tem força para derrubar
barreiras comerciais no Congresso americano. Mas a visita dele ao Brasil
mostrou que tudo o que for do alcance do governo dos Estados Unidos
para abrir mercados e melhorar o intercâmbio será feito - afirmou.
Nem todos, porém, têm essa visão. O vice-presidente da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, disse que,
por trás da visita, os Estados Unidos têm como interesse ter vantagens
na compra de petróleo brasileiro no futuro e ainda se tornar fornecedor
de equipamentos para a exploração do produto na camada do pré-sal.
- Foi uma viagem simbólica, marcada por acordos de boas
intenções. Quando não se quer resolver alguma coisa, cria-se uma
comissão ou um grupo de trabalho - avaliou Castro.
Consultor diz que houve avanços concretos
Conhecido
pelo rigor nas críticas à política externa do governo Lula, o consultor e
diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington no governo
Fernando Henrique, considerou a visita de Obama positiva.
- Todos sempre esperam que haja resultados que aumentem
rapidamente as exportações. Mas não é assim. Houve avanços concretos na
cooperação em terceiros países, na área espacial e na questão comercial e
econômica.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília José Flávio Sombra Saraiva disse:
- Foi um encontro marcado por simbolismos, é fato, pois estiveram
lado a lado o primeiro presidente afrodescendente e a primeira
presidente mulher do Brasil. Mas também pusemos nossas cartas sobre a
mesa e mostramos o que queríamos em termos políticos e comerciais.
Para o Planalto, nas relações comerciais não havia
expectativa de mudança significativa na postura dos EUA. O fato positivo
foi o limite imposto pela presidente Dilma Rousseff às ambições
americanas, ao deixar claro que era preciso pôr fim ao protecionismo.
Dilma jogou duro ao afirmar que o Brasil poderia buscar outros caminhos,
como a China, se não houvesse igualdade na relação com os EUA. Já a
disposição de parceria e investimentos nas áreas do pré-sal, de energia,
da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 foi considerada exitosa.
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